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Re: traduzir ou não, apresentando-me



Olá para todos,

concordo com o que nosso amigo Daniel disse, mas tenho algo a dizer também.

Na questão de tradução de termos técnicos em inglês para o português
acredito que nem sempre seja a melhor alternativa.

Vejo isso analisando as coisas da seguinte forma, uma porque eu aprendi
muitos termos a tempos atrás onde não havia um significado em português para
certas palavras, apenas havia a compreensão do que significava aquilo. Outra
questão é a seguinte, se estamos falando de um site de internet ou uma
página ok, acredito que ficou claro a todos que estão lendo agora, mas
falando em sitio como português de portugal, muitos estão pensando porque
isso agora, o que é isso afinal ???

Assim sendo, muitos termos não serão comprendidos de imediato na leitura de
um texto e sim terão que ser pesquisados, mas nisso vem uma facilidade
quanto ao inglês.

Quem não sabe o que é download por exemplo ???  é simples pegue um
dicionário em inglês que provavelmente todos tem um em casa, e procure seu
significado, caso não tenha a palavra inteira no dicionário faça o seguinte.
Pegue um dicionário qualquer, peguei um de 1989, um dicionário desses de
estudantes normal, procurei duas palavras:

down: abaixo, embaixo, para baixo.

load: carga, carregamento, carregar.

Enfim pode-se ter uma tradução não tão perfeita, mas pode-se ter uma, mesmo
com um dicionário de 1989, onde a internet nem existia ainda aqui para nós.

Na minha opinião, o caminho é este, é por aqui que devemos seguir, muitas
palavras não necessitam de uma tradução visto que elas mesmas já dizem o que
é para ser dito. E ainda assim ficamos mais próximos de um mundo global onde
os termos usados são estes, nos EUA, na China, na Rússia, na Itália, etc ...

Espero ter ajudado, abraços a todos.

Miguel Facchini
(54) 9102-9202
Analista de Sistemas - Porto Alegre - RS


----- Original Message -----
From: Webmaster do Sítio da Bicicletada <webmaster@bicicletada.org>
To: <debian-l10n-portuguese@lists.debian.org>
Sent: Friday, December 20, 2002 4:36 PM
Subject: Re: traduzir ou não, apresentando-me


>
> Olá a todos.
>
> Meu nome é Daniel, e entrei nessa lista há alguns dias. Por algum tempo
devo
> ficar aqui só como expectador, porque estou estudando para a segunda fase
da
> fuvest e unicamp e preciso dar prioridade a isso. Mas não resisti a dar
uns
> palpites nessa discussão de alto nível sobre tradução e língua, assim
estou
> aproveitando para me apresentar.
>
>
> Quoting Henrique Pedroni Neto <henrique@ital.org.br>:
>
> > Não descordo e nem concordo, quanto ao aportuguesamento em alguns casos
> > já é feito, como a palavra escanear, mas em outros não tem jeito como
por
> > exemplo download.
>
> Nos casos em que não houver uma palavra no português incorporar a palavra
de um
> outro idioma, depois de devidamente aportuguesada, é uma das opções
possíveis.
> Mas o que se vê na informática, na maior parte do tempo, é o uso de termos
que
> poderiam perfeitamente ser traduzidos, mas só foram mantidos assim pelo
hábito
> ou pela preguiça de quem traduziu. Nos exemplos mencionados, por exemplo,
ao
> invés de escanear poderia-se perfeitamente adotar uma palavra mais próxima
e
> menos artificial, como digitalizar. Download poderia perfeitamente ser
chamado
> de cópia de arquivo, baixa de arquivo, ou algum outro termo ou expressão
> similar. Considero inclusive que assim é muito mais fácil, para alguém que
> desconhecesse o significado, deduzir do que se está falando.
>
>
>
> > |Certo. E do fato de que as pessoas compreendem o sentido de "dock"
segue-
> > |se que não devemos traduzí-lo? Não, Henrique, é o que penso. Fosse
assim,
> > |nossa língua sumiria, literalmente, em poucos anos, pois a capacidade
> > |de compreender palavras em língua inglesa aumenta vertiginosamente,
> > |principalmente com o advento da internet.
> >
> > A lingua não some, ela modifica-se. Compare nosso idioma atual com ele a
100
> > anos atrás, já mudou muito, incorporou novas palavras perdeu outras.
>
> Quanto a esse exemplo de "aplicativo dock" e "aplicativo dockable" também
> poderia ser traduzido. Que tal "miniaplicativo", ou "miniaplicativo do
> windowmaker" no lugar de "aplicativo dock"? E usar "miniaplicativo
ancorável"
> não é muito mais expressivo do que "aplicativo dockable"? (principalmente
para
> quem não está acostumado com o inglês, e não sabe o que significa o
> sufixo "able", nem o que quer dizer "dock").
>
> Em alguns raros casos realmente é interessante usar a palavra tal como
veio do
> idioma original, apenas aportuguesada para se adequar a nossa pronúncia e
> escrita. Mas na maioria das vezes fazemos isso quando não nos vem de
imediato à
> cabeça uma tradução adequada. Ou seja, por limitação do nosso vocabulário.
No
> final trata-se mais de uma questão de hábito, que no início gera algum
incômodo
> e estranheza de usar a nossa palavra para expressar algo que já havíamos
> associado a uma palavra estrangeira. Depois de algum tempo acostuma-se e
então
> usar a palavra estrangeira no meio de um texto na nossa língua é que
parecerá
> bastante estranho. Por exemplo, eu costumo usar o termo "sítio" para me
referir
> a uma página da internet. No começo as pessoas estranham, mas depois
acabam
> adotando, como em uma outra lista de que participo. Temos várias
possibilidades
> para designar o "site" em nossa língua: sítio, página da internet, página.
Em
> último caso poderíamos até aportuguesar para "saite", o que é totalmente
> desnecessário nesse caso. Mas aí está uma outra palavra que veio tal e
qual é
> usada no inglês e cuja adoção foi muito adequada: "internet". Trata-se de
algo
> que não existia, e portanto não tínhamos nada adequado na língua. Claro
que
> poderíamos também ter inventado algo como "interrede", ou algo assim
(parece
> estranho, né? Pois é a pura questão do hábito).
>
> O problema nisso tudo, como alguém disse na lista, é de uma questão
ideológica.
> Ser tão restritivo assim quanto a incorporar novas palavras pode parecer
> exagerado e ser questionado, mas quase ninguém lembra nem questiona a
enorme
> invasão cultural americana no mundo. Não se trata de adotar o discurso
> simplista do anti-americano, mas de preservar o que é nosso. Se eles são
tão
> invasivos, temos todo o direito e até o dever de nos resguardamos desse
estupro
> cultural.
>
> Uma língua carrega uma gigantesca carga cultural, que vai além do
significado
> aparente que damos às palavras. Por exemplo, por que a linguagem coloquial
do
> americano médio é tão pobre? Tudo é "get" alguma coisa: get in, get out,
get
> inside, get, get... Até os palavrões são reduzidos: tudo é "fucking"
> isso, "fucking" aquilo. Isso reflete diretamente a cultura americana de
> simplificação. Isso, por sua vez, está ligado intimamente ao grande
> desenvolvimento técnico direcionado para a eficiência dentro do sistema
> capitalista. A partir disso criou-se toda uma tradição de velocidade,
> eficiência, simplificação, imediatismo. Não trata-se apenas de uma forma
de se
> expressar, mas de um espelho de um povo.
>
> Não se trata apenas de preservar a língua como um registro histórico. As
> palavras que usamos influi diretamente em como nos sentimos em relação às
> experiências. Ou seja, a comunicação não só descreve a realidade, como
*cria*
> realidade. Se você disser que ficou *meio incomodado* com algo, ou que
ficou
> *furioso* com algo, isso muda a forma como você representa a situação
dentro de
> sua mente e vai alterar o modo que você se sente. Adotando um novo
vocabulário,
> vêm junto toda uma nova forma de pensar, ligada ao povo que originou a
língua.
>
> Espero ter ajudado a reflexão da responsabilidade do tradutor. Me
desculpem se
> me alonguei demais.
>
> Abraços,
>
> Daniel Camolês.
> --
>
>
> --
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