Re: [OT] kernel, núcleo, cerne e quernel (era "ao moderador desta lista")
On Sat, 3 Jan 2004 11:37:59 -0200
"Douglas A. Augusto" <douglas.no-spam@pop.com.br> wrote:
> Sem dúvida, porém, acho que quérnel poderia enriquecer e ter um
> significado direto, isto é, quérnel seria o núcleo de um sistema
> operacional. Acredito que isto possa inclusive facilitar pesquisas na Web
> (teia? :-), por exemplo.
"Web" não tem jeito: é "internete" mesmo...
> É como 'deletar' e 'apagar'. 'Apagar' é um termo genérico, enquanto
> 'deletar' está inserida apenas no âmbito da informática. Da mesma forma o
>'contêiner', que tem um significado mais especializado que 'recipiente'.
> Informática é uma área em constante expansão, e requer novos termos,
> assim como houve (há) com outras áreas, como medicina, biologia, etc. Se
> pensar bem, essas adições até mesmo ajudam a preservar a língua,
> evitando reconceituar determinadas palavras. É o caso por exemplo do 'rato' > (em Portugal), que além de significar um animal roedor, agora também
> significa um aparelho de informática que desloca o apontador na tela
> do computador. O que seria a priori uma proteção à língua, torna-se uma
> poluição.
Poluição? Creio que não, afinal nos EUA "mouse" significa rato e aparelho de informática. Por que aqui não poderia ser a mesma coisa?
> Outro ponto é a condensação de conceitos, simplificação. Imagine se
> não houvesse o termo 'software'. Teríamos que fazer a referência
> sempre por 'Programas de computador', o que é nada prático. Apesar
> de achar que 'software' deveria ter tido sua forma adaptada.
> Essas inserções podem aparentemente tornar sempre a língua cada vez
> mais complexa, mas à medida que são separadas do cerne da linguagem (são
> termos de informática), elas não só ajudam a deixar intacto os significados
> das palavras já existentes, como simplifica a escrita e compreensão dos
> mesmos, delineando e caracterizando muito bem a área.
Com certeza a língua vai se tornando mais complexa a medida que temos que falar de coisas novas e da necessidade de precisão destas coisas. Está aí a grande questão a ser resolvida por nós, brasileiros: este conhecimento não foi produzido aqui, cabe a nós adapta-los com esforço de entendimento e não rebate-los de bate-pronto sem processamento mental.
Repare o termo acima: "bate-pronto", foi tirado do futebol. Este esporte veio de fora e a medida que fomos criando coisas novas o termos para designa-las foi retirado da nossa língua. Exemplos: "bicicleta", "de letra", "na veia"...
Resumindo: temos que recriar e não engolir o que vem de fora. Esta questão já vai fazer cem anos e não demos conta dela...
--
Savio M. Ramos - Arquiteto
Rio de Janeiro ICQ174972645
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