Re: traduzir ou nao, eis a questao
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Luciano Macedo Rodrigues <lucianor@gmail.com> writes:
Olá Luciano.
Das duas, uma: ou tu não leste minha mensagem com boa-vontade ou eu não
me expressei bem. A cortesia me obriga à segunda hipótese. Nossas
divergências, ao que me parece, são menores do que tu sugeres.
> Ótimo. Vamos usar nossas expressões inventadas, adaptadas, que ninguém
> entenda, apenas para nos darmos ao luxo de usar somente nossa língua.
Para quem tu escreveste isto? Eu não sugeri isto. Sugeri algo sutilmente
diferente. Releia a mensagem se quiseres entender.
> Não sei qual o problema com estrangeirismos. Aliás, acho péssima as
> traduções em que alguém pegou uma palavra totalmente compreensível em
> inglês
"palavra totalmente compreensível em inglês": segundo esta expressão, as
palavras têm inscritas, nelas, uma certa natureza que as faz naturalmente
compreensíveis. Estás errado! Palavras são mais ou menos compreensíveis
conforme as usemos. Uma palavra é "totalmente compreensível em inglês"
quando é muito usada em inglês.
> e transformou em uma coisa tosca em português. Pra que? Só pra
> reafirmar nossa língua?
Reafirmar nossa língua é, para mim, um valor. Tu não achas?
Perfeito. Esta é uma questão ideológica, não técnica. E, nesta medida,
em última análise se funda nos valores que cultivamos. Que bom
que podemos cultivar diferentes valores. É deplorável a perspectiva
segundo a qual o que não tem valor para mim não tem valor.
> Eu não quero uma tradução que me atrapalhe, eu
> quero uma palavra que me ajude a compreender, eu quero usabilidade,
> não pratriotismo.
Não aceito o dilema. Há outra via. Eu quero usabilidade e patriotismo!
> Como eu já perguntei: tu chama teu mouse de rato? compra lâmina de
> barbear ao invés de gilete? tira fotocópia ao invés de xerox?
O que eu faço é parte do que importa nesta discussão, não resolve nem
determina nenhuma posição. Respondendo: eu chamo de mouse. Na verdade,
eu chamo de mause. And so what? O que se segue disto? Apenas que estou
acostumado a um certo uso.
> Os
> exemplos de palavras estrangeiras, ou mesmo de relacionadas a marcas
> (meus dois exemplos) são várias, alguém já citou.
Sim, tudo isto ilustra uma tese já bastante conhecida: nós, de fato,
usamos estrangeirismos. Mas, de novo, é preciso reconhecer que o que ser
não funda o dever ser. Carros avançam no sinal vermelho. Disto não se
segue que devam avançar.
Além disto, o ponto de vista que defendo não é a
abolição dos estrangeirismos. Em muitos casos não convém isto. Defendo
que o uso dos estrangeirismos em nossas traduções não sejam conseqüência
da nossa inércia. É apenas isto. Eu não creio que tu discordes
disto. Por isso acho que divergimos menos do que tu pareces sugerir. Mas
se discordas, este é o ponto de divergência.
> Não sei porque essa defesa.
Porque ***eu*** considero importante minha língua. Tu não precisas
concordar com isto.
>Porque não threads? Qualquer uma pessoa
> que saiba o que significa threads, saberá que threads é threads. Eu
> digo: se um usuário tem uma noção mínima do que é threads, saberá a
> palavra em inglês. Se não tem nenhuma noção, pra ele é só mais uma
> palavra em inglês. Ponto.
Quando alguém diz "Ponto", entendo que quer dizer: não quero discutir a
questão. Logo, não discuto.
> Um usuário comum tá pouco se lixando sobre o
> que é threads, em qual seria melhor tradução em português.
Errado. Eu sou um usuário comum e estou "me lixando sobre o que é
threads". Conheço outras pessoas que também estão se lixando prá
isto. Generalizar opiniões a partir de nossa própria ou do estreito
universo que nos circunda pode ser uma boa estratégia retórica mas não
colabora com a discussão.
> Uma pessoa
> da área saberá o que é se for escrito threads, agora se tu colocar uma
> tradução por exemplo com o significado do termo, se o cara tem apenas
> uma noção mínima não vai saber o que é. Ou seja, onde está a vantagem?
> O Brasil ficou melhor porque tu não usou threads?
Ficou.
> Não vou revisar o texto porque assim tá espontâneo e revoltado, que é o certo.
>
> Luciano "sp00ky" Rodrigues
[corta]
Que bom. Tua mensagem ainda me ensina o que é "o certo". Quem sabe eu
não aprendo?
té+v
- - --
Marcio Roberto Teixeira
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Usuário "tchê" Debian/GNULinux
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