Rodolfo e demais colegas. Boa tarde. Bom, tenho acompanhado as
discussões desse list mas agora pensei que seria coerente eu me
manifestar. O assunto tomou proporções desconexas e já que foi dessa
forma, meu comentário, também desconexo, não ficará sem sentido neste
contexto.
Bom, acho que o que você diz de cultura é muito certo. O Brasil é vítima
de uma cultura própria, alienada, incoerente. Você está certíssimo.
Deste modo quero me manifestar sobre as generalizações. Isso me preocupa
muito e no Brasil, isso também é uma inconsistência cultural. Acho muita
injustiça dizer que o bolsa família sustenta vagabundos, tendo como
pressuposto a questão da generalidade. Concordo que tem muito vagabundo
sendo beneficiado pelo programa. Acredito que pra situações emergenciais
é necessário algo como o que o programa propõe. Contudo, acredito no
acompanhamento pra que esse programa não seja algo vitalício e num
trabalho que possibilite uma mentalidade de autonomia, pra que as
famílias beneficiadas pelo programa o tenham como uma alternativa
emergencial, como de fato deveria ser. Ocorre que para os nossos
governantes não é interessante isso, porque se perderia um instrumento
eleitoral muito forte. Agora, conheço e conheci muitas pessoas de bem
que já passaram pelo bolsa família e que conquistaram a autonomia
financeira e vivem com as próprias pernas. Chamá-los de vagabundos é
injustiça. É isso.
Grande abraço.
On 18-04-2016 12:21, Rodolfo wrote:
> Uma amiga minha mora na finlândia, e ela me falou disso, porém, lá tem
> uma cultura diferente da nossa, e a educação lá é o foco principal
> deles, logo, lá as pessoas não trabalham mas também não agem como
> vagabundos, aqui os caras recebem bolsa-família e ainda tem um emprego
> de traficante e por aí vai.
>
> Em 18 de abril de 2016 11:12, André N B <andrenbatista@gmail.com
> <mailto:andrenbatista@gmail.com>> escreveu:
>
> Dom 17 Abr 2016 às 12:47:45 (1460908065), trooliveira@gmail.com
> <mailto:trooliveira@gmail.com> enviou:
--> > O problema maior desta vaga na minha visão ela é ilegal, pois
> frauda a CLT,
> > independente se for uma contratação pessoa fisica (freelancer) ou
> PJ. Pois
> > haverá uma regularidade nos serviços prestados. Só por este motivo
> a vejo
> > como anti-etica.
> > Sim tem gente que aceita tudo, pois esta com a corda no pescoço,
> mas nem
> > por isto devemos justificar e aceitar que haja no mercado de trabalho
> > vagas-escravidão;
> >
> > Um pouco de ética faria bem a todo mundo e em qualquer situação...
>
> Ética é um imperativo autônomo e me parece estranha uma ética
> heterônoma.
>
> Já a CLT e os direitos trabalhistas garantidos constitucionalmente e em
> tratados internacionais, ainda quando relevantes em uma perspectiva
> simbólica (o escravo deixa de ser objeto e passa a ser sujeito de
> direitos), têm efeito prático limitado, ante a desproporção da
> capacidade de financiar e arriscar a perda de demandas judiciais
> existente entre o sujeito trabalhador e o detentor do capital.
>
> Para um, as demandas aparecem como custos hipotéticos ou previstos, que
> podem nem existir se o sujeito privado de direitos não propuser a
> reclamação.
>
> Para outro, as demandas aparecem como um duplo risco: perder a ação,
> tempo e dinheiro investidos; e ter seu nome incluído dentre aqueles de
> contratação indesejada já que lhes falta a docilidade, obediência e
> temor reverencial que são as qualidades mais buscadas pelo empresariado.
>
> Agora uma anedota: conheci certa vez uma finlandesa e, curioso por seu
> país, perguntei: como funciona o seguro desemprego em seu país? Ao que
> ela me disse: "Bom, todos as pessoas em idade de trabalho recebem
> seguro-desemprego independente de já terem trabalhado na vida e por
> tanto tempo quanto durar seu desemprego."
>
> Sério?
>
> Sim.
>
> Mesmo se nunca trabalhar na vida, vai ganhar a vida toda?
>
> Sim e se for mulher solteira com filho, ganha o dobro.
>
> Hmm... e qual o valor?
>
> €1,500.00
>
> You fucking kidding me! No Brasil, as pessoas iam me mandar pra cuba se
> eu propusesse algo do tipo.
>
> Aí entendi porque ela, como muitos outros europeus, viajam pelo mundo
> por meses, anos. E entendi o porquê de tantos "moi" no irc.
>
> Mas o papel de um ensino voltado à formação técnica, acrítica, sem
> contextualização política e de uma massa de desempregados e miseráveis
> bem visível a olho nu, bem essa eu já devia conhecer depois de tantos
> anos na Republiqueta dos Banana-Maldonado.
>
>
Leonardo Rocha
4096R/7E7D1FE2
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