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Re: [Off-Topic] Texto para reflexão: Geração Ubuntu e a morte do movimento Software Livre no Brasil



E outra coisa: como o cara pode vir querer falar de software livre, dos benefícios do software livre, se não consegue viver disso?

Se consegue viver, ele tem de saber e provar que é melhor que software proprietário, não ficar dizendo que liberdade é bom e todo mundo gosta: tem de provar.

E não me refiro a ganhar uns trocos, tem de viver e viver bem.  Daí sim vc sabe que tá falando com alguém que tem propriedade sobre software livre, sobre as liberdades do software livre, dos benefícios dele e vive isso diariamente. 

Senão é discurso vazio.  Morre na primeira oferta de emprego, onde o cara vai usar Windows e se auto-justificar dizendo que usa "GNU/Linux em casa".


Abs,
Helio Loureiro
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Em 11 de fevereiro de 2014 18:25, Helio Loureiro <helio@loureiro.eng.br> escreveu:
Contar nossa história dessa forma fracassa a praticamente 20 anos.  Não 5, não 10, não 15, mas 20 anos.

Aparece alguém com uma idéia inovadora, buscando primeiro disseminar, pra depois mostrar o que é.

O cara cresce, fica famoso, e começa a dar certo.  O que acontece?  Um poder auto-destrutivo de pequeneza, pois não foi do umbigo egocêntrico que coisa saiu.

Se fosse tão em busca de liberdade assim, todos defenderiam qualquer adoça de Linux e BSDs, deixariam o usário tomar gosto e daí sim partiriam pra explicar o que levou àquilo.

Sim, é mimimi.
Em 11 de fevereiro de 2014 16:47, André Nunes Batista <andrenbatista@gmail.com> escreveu:

On Mon, 2014-02-10 at 18:04 +0100, Helio Loureiro wrote:
> É mimimi sim.  Conheço o Anahuac pessoalmente e por isso sei que é mimimi.
>
> Anahuac acha que as coisas funcionam magicamente, com a magia da
> "comunidade".  Isso acontecia quando o Linux era mais um campo de buscas e
> exploração do conhecimento de universitário, que foi quando surgiu.
>
> Mas isso mudou.  E está sendo massificado.  Então é impossível ficar nesse
> sentimento ufanista de que é comunidade pra cá, comunidade pra lá.  Já
> existem empresas envolvidas, então o melhor negócio é participar.  A grande
> vantagem do software livre é que não se fica refém de uma empresa ou
> tecnologia: todo mundo pode baixar os fontes pra testar, modificar e
> aprender.
>
> E quanto ao Ubuntu, é um caminho sem volta.  Pode-se escolher o caminho de
> ensinar os usuários sobre GNU, GPL, etc.  Mas pra isso já tem Debian,
> Fedora, e RedHat.  O Ubuntu escolheu pela massificação.  Não importa o que
> seja, use.  Canonical não investe no kernel, mas investe em ambiente
> visual.  O resultado?  Mundialmente a taxa de uso do Linux (que é medida
> pelos computadores vendidos com Linux de fábrica) tem aumentado.  A meta é
> chegar em 5%.
>
> Quem ganha?  Acho que todos.  Mas não dá forma que o Anahuac quer.

Eu até compreendo o tipo de estratégia de disseminação que você defende.
Algo mais fluido e multifacetado, "compartimentalizado" diríamos se
falássemos de software, usando cada ferramenta onde parece mais
apropriada e acreditando na sinergia total do movimento e sabendo que
sempre haverá uma pluralidade de usos e interações possíveis com
máquinas.

Por outro lado, não consigo acreditar que "tanto faz" ou "o jogo já está
dado". O uso de software livre tem se massificado sim, é verdade, mas o
que queremos é que simplesmente seja usado? Em algum nível certamente. A
simples disseminação do uso implica em maior interesse de
desenvolvedores e usuários. Mas se desenvolvedores e usuários pouco ou
nada sabem sobre liberdade, o que teremos de fato conseguido? Uma
posição de mercado? Uma tabelinha bonita com uma curva ascendente?
Prestígio social por estar aqui desde muito antes?

O problema talvez esteja no "Software Livre, Sociedade Livre", que
muitos descartam ou trocam pelo "Software aberto é mais eficiente"
s/eficiente/adjetivo_que_quiser/. Talvez por surfarem na onda alguns se
esqueçam de que há de fato uma grande questão social sendo decidida em
nossos tempos.

Não que empresas e governos não participem, não que descartemos
financiamento, mas certamente não devemos ser tão apressados em
descartar a importância da questão ética que se impõe.

PS: não conheço o anhuac e não sei se está de mimimi, pode bem ser. Mas
não é mimimi tentar contar nossa história.

--
André N. Batista
GNUPG/PGP KEY: 6722CF80




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