[Date Prev][Date Next] [Thread Prev][Thread Next] [Date Index] [Thread Index]

Re: [Fora] SCO Unix



Miguel Da Silva wrote:

O "problema" do suporte corporativo e das empresas é que uma empresa quer
um software que tenha respaldo para quando as coisas ficarem feias mesmo,
ter alguém para "culpar" (leia-se responsável). Ou falando de outra
maneira: paguei milhares de reais por isso, entao se vira e bota pra
funcionar.

Agora ... vocês já viram aquela linha que aparece no README de todos as
ditribuiçoes, programas de código-livre e etc e tal que diz assim "use
por sua própria conta e risco", entao ... ela nao serve para uma empresa
grande.

Exemplo prático: trabalhei na Fiat em Betim/MG e acontece que eles
recebem os planos do carros da Italia e fazem as chapas na fábrica de
Betim, entao os engenheiros que fazem os moldes para as prensas fazerem
as chapas usam um sistema CAD em Solaris (quando trabalhei lá havia muito
SPARCs espalhados). Se algum dia alguma chapa fica mal feita por algum
problema do software e a Fiat perde cerca de 1000 carros (a produçao
diária deve ser de uns 2500 por dia) a Fiat pode processar a empresa que
fez esse software e por aí ... usando um programa de código-livre quem se
faz responsável?!

Até mais, Miguel D.

Eu acho que a coisa não é tão _implícita_ assim quanto vcs estão pensando:
por ocasião da aquisição de um serviço/produto, a elaboração de qquer
contrato sempre contempla algumas seções chaves: algo como 'obrigações da contratada', 'obrigações da contratante' e 'penalidades' . No caso de algum
problema, atraso e/ou qquer outra não conformidade com as obrigações pelo
produto/serviço da empresa contratada, está lá definido qual será a
penalidade (em geral $$$).

A coisa é bem complicada e detalhada, com diversos níveis de severidade
(alto, baixo, etc) e com diferentes prazos pra solucionar o problema,
conforme a severidade. Fórmulas mirabolantes para o cálculo de multas,
justificativas, são outros fatores que entram na história. (Lógico, toda
essa complexidade deve ser compatível com o custo do projeto)

Assim, não é necessário *processar diretamente* a empresa, pois ela já
estará sendo devidamente penalizada, de acordo com o contrato. Não cumpriu a
obrigação do contrato, vai ser penalizada. É assim com qquer coisa, desde a
fábrica de parafusos que atrasou uma entrega pra Fiat até a Embraer que
demorou uma semana a mais para entregar um avião. (e eu sei que no caso da
Embraer, a multa é diária e pode chegar na casa de 5 ou 6 dígitos (a
esquerda da vígula) de dólares!!)


Agora, revertendo isso para o mundo do SW livre, fica difícil vc querer
assinar um contrato com 'Debian'; vc vai ter que usar um terceiro,
prestador de serviço. E na hora que vc comeca a estudar as licenças dos
subprodutos, comeca a perceber que há muita oportunidade desse terceiro
'tirar o dele da reta' e de vc ficar na mão. E vai ser muito difícil que
ele concorde em se responsabilizar por um programa que não foi ele quem fez!

Um exemplo: vamos dizer que uma grande empresa contratou uma segunda (qquer
dessas empresas que fazem soluçoes customizadas, sei lá, consultoria por
exemplo) para a construção de um portal web interno, em php. Tudo já
funcionando bem, eis que de repente, descobre-se uma vulnerabilidade no php
- *quem tem* que consertar o problema? e *quem vai* consertar o problema? e
quem garante que o problema vai ser consertado *rápido*? Isso pode se tornar
um grande jogo de empurra (legalmente falando), caso a empresa que contrata
o serviço não esta ciente de como funcionam as coisas na comunidade do SW livre.

O que eu já vi (uma solução razoável, até) é um esquema de parcerias: nesse
caso, a sua empresa teria um contato mais íntimo com autores dos SW livres
que são usados; dessa forma o cliente passa a ter uma confiança um pouco
maior que não terá problemas (ou que serão resolvidos, e rapidamente).


Eu acho que o panorama hoje em dia é mais ou menos esse. Comentários?

--
Marcos Lazarini



Reply to: