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Re: [OFF-TOPIC] Línguas



Em Seg 01 Out 2001 20:00, Gustavo Noronha Silva escreveu:
> Em Mon, 1 Oct 2001 19:19:17 -0300
>
> Odair G Martins <ogimenes@if.usp.br> escreveu:
> > 	Tudo bem. Mas não devemos esquecer que mesmo os
> > falantes em inglês não sabem o spelling de muitas de suas palavras.
>
> "spelling" -> spelim

Pois é,  essa foi proposital 

>
> > Eu sou um proponhor de que não se deve carregar a mesma lógica do
>
>             ^^^^^^^^^
>
> hmmm...

 Soa  mal e não existe. É interessante notar que a aparência  pode ser 
mais importante na hora de usar uma palavra. 


>
> > As palavras estrangeiras não carregam copyright, ou melhor,
> > copirraite como está no Aurélio. Assim sim, como o Aurélio fez com
> > o copirraite é que é bom usar palavras estrangeiras. Veja kernel,
> > por
>
> horrível... nunca vou usar essa palavra na minha vida...
>
	Talvez vai sim.     kernel.xxxx.deb,  kernel.xxx.rpm...., no fim de 
muitos anos
as pessoas vão utilizar o kernel como usam ketchup se  o linux se 
tornar popular.  Existem pessoas que detestam ketchup. E o tal kernel 
não terá o mesmo sentido acadêmico do 
original inglês em "kernel" :  

Você compilou o kernel hoje?   Que  kernel, Joaquim?   Ora Manuel,  o 
kernel-5.0.10-thg.  E ai com 
o tempo vão economizando nos sufixos kernel.xxxxx.xxx e chegaremos
ao terrível kernel pois a preguiça é a parteira de todas as línguas. 
 "Vê lá na documentação do kernel,  isso já foi postado zaralhão de 
vezes ...!"   

 
> > Os direitos da fala  humana seriam em   GPL?
>
> não, são de domínio público...
>

	Pois é, então os dicionaristas acompanham os textos
escritos pelos especialistas para comporem o dicionário e não
precisam  pagar nada e nem precisam reproduzir a fonte.  Sendo os 
geradores das palavras,  código livre,  na minha opinião,  é sensato um 
autor ou autores 
discutirem certas palavras pois os filológos podem esclarecer tradições
das regras de formatação mas são incapazes de dizer a respeito do 
sentido das novas palavras. E a discussão acaba sendo uma discussão 
entre especialistas da área pois palavras já existentes podem mais 
confundir e atrapalhar; muitas vezes elas se aproximam do sentido mas 
não são exatamente aquilo que as coisas são. Dai a vantagem de 
incorporar palavras estranhas ou inventar novas, para diminuir
a ambiguidade.  Como é dificil estabelcer regras para
o sentido, se até para as regras de forma há exceções, a utilização de 
uma nova palavra ou a 
incorporação de uma estrangeira deve ser discutida caso a caso quando se
faz a revisão do texto e eu acho sem fim qualquer discussão para
criar uma regra que não seja aquela imperfeita que já existe: (1) 
Utilizar a palavra nativa quando realmente ela possui o sentido desejado
pelo autor do  texto, (2) utilizar a palavra estrangeira nova em 
itálico ou com destaque enquanto ela não se incorporou e 
não existe nativa que preenche o mesmo sentido  (3)finalmente 
incorporar a palavra estrangeira quando ela não possui equivalente em 
portugues e então contribuir com os tais falsos cognatos; levar em 
consideração que a regra
brazileira (sic) de canabalização é menos radical do que a de Portugal, 
 (4) se a canabalização soar estranha tentar dar nova palavra com som 
nativo.    E atenção para  o gosto (visual ou auditivo):  para o 
brasileiro elétron é menos estranho do que eletrão tanto no som
como no visual.  

Eu considero que o uso de uma palavra estrangeira atinge o máximo 
quando ela chega a ser incorporada completamente como o copirraite
do Aurério. É o fim de linha de um longo processo. 

A discussão  esquenta quando o escritor
consulta  os dicionários e o seus pares para  saber bem as variações  do
significado <=> profundidade com que os autores conhecem o assunto.
Portanto nem sempre  mouse é igual a rato e nem é um apontador 
qualquer. Kernel nem sempre é  o núcleo de um sistema operacional e 
assim por diante.  Não tem jeito, o melhor é colocar a palavra
em discussão e verificar a fogueira que acontece caso a caso; o autor, 
depois de ouvidas as queixas, faz a aposta.  De tais  cinzas e apostas 
nascem os textos que alimentarão os dicionários.

Mas eu considero que é consensual que as pessoas devam tentar
utilizar palavras  já existes quando for *possível*. O resto é moda de 
massa rude.  As palavras também servem como embrulho,
até para  embrulhar pessoas ! E  a tal moda é escrever pizza!
Porque não pitssa?  Hã, porque é sexualmente imprópria!  Então pitça.   
  O barbarismo existente na minha opinião
é decorrente da timidez na incorporação das palavras estrangeiras.
A massa  rude prefere os textos e os displays (sic) dos produtos cheios 
de inglês no original pois não sei porque as pessoas ficam coradas 
quando falam um inglês com mal spelling (sic)  ou quando escrevem 
mostruário.     Se o Inglês original for grafado no português e 
dar um ar vulgar é porque então existe outra palavra em português 
que cumpre a função. Caso contrário, não existindo equivalente, 
é necessária a coragem de romper a virgindade dos olhos e dos ouvidos
e escrever e falar o inglês abrasileirado. Assim é a regra culta  (fora 
alguns  nomes próprios,  no Brazil (sic)) que a massa rude não quer 
seguir por falta de escola pública de qualidade. 
Então aparece uma escrita híbrida e acanhada como 
o texto deste rude que vos escreve.  
  
 Na hora de editar, de colocar preto no branco é melhor passar  várias 
mãos para revisão
e discussão,  para converter as intenções e idéias para um linguagem
culta e consensual.  Eu acho positivo a lei que disficulta a utilização 
de barbarismos e considero que ela não impede o desenvolvimento
da linguagem.  Ela é tão salutar que vai gerar  flame wars (sic) nas 
listas de emails(sic) que discutem a  criação de textos 
técnico-científicos e talvez os textos fiquem melhores.
Escrever não é fácil. 
Os intelectuais de paises com pouca criação de ciência e
 tecnologia tem que pelo
menos suar a camisa para incorporar  novos
substantivos e verbos  nos textos.  Ora, poderemos
ser pobres em ciência e tecnologia mas para que
economia  na criação e incorporação  de novas palavras! 

Printar  poderia dar longas discussões,  por exemplo. Se um autor
estiver insatisfeito com a palavra  ele não pode desistir e  tem que 
argumentar contra os  dicionários existentes e  opiniões estabelecidas. 
 Dicionários registram o passado.  A nova lei favorece  maior rigor na 
criação pois  deixa claro que embora a linguagem coloquial siga a
preguiça, a linguagem culta pede o suor.  E a lei estabelece
regras para a divulgaçao *pública*  de textos e não para a indomável 
preguiça boçal de nossas bocas.  

Conclusão: vale a pena criar ou utilizar as listas dedicadas em 
tradução 
de textos tecnicos-científicos pois o número
de palavras e sentidos novos para serem incorporados é enorme, nenhum 
dicionário existente  resolve o assunto  e a escolha das palavras  é 
difícil. Infelizmente na hora de publicar não dá para ser preguiçoso -- 
agora é lei! 

 

Odair 

 



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