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Re:Línguas (era: Re: Linguagem de programacao)



Eu não queria entrar nessa barca furada, mas já que eu gosto
mesmo de nadar vamos lá... :-)

> lápis, caneta, etc sobre papel, tecido, etc.  Você quis dizer __projetadas__,
> que é a tradução correta de "designed".  A tradução de "desenhada" é "drawn".

Bravo. Sinceramente mal uso do português via pregüiça mental,"enche".
Ultimamente vi uma utilização grotesca: "você _realiza_ o que eu
quero dizer?" Que estupidez... O que isso poderia ajudar na
língua? Enfraquecendo o verbo compreender e ao mesmo tempo dando
um significado novo (e incontestavelmente dispensável) ao verbo
"realizar" simplesmente por preguiça de falar PORTUGUÊS.

> > facilidade, da curva de aprendizado, de que falei. É mais rápido
> > aprender Glosa, do que inglês. Isso é fato. O problema é que não há um
> > consenso de que seja vantajoso aprender uma língua artificial.
> 
>    Exato.  O que é mais vantajoso: um mês para aprender uma língua pobre,
> limitada, artificial, desconhecida, ou três anos para aprender uma língua
> natural, rica, cheia de literatura rica, amplamente divulgada?

Minha experiência: Eu falo fluentemente esperanto há mais de dez anos.

Por partes:
1- No início, houve uma melhora significativa do meu entendimento de
   _português_ uma vez que tendo os elementos gramaticais marcados
   por desinências, bastava traduzir uma dúvida para o esperanto, ver
   em que cada palavra era traduzida e eu sabia a função dela _em_
   _português_!!!

2- Não sei de glosa, volapuk, solresol ou interlingua mas sei que
   o esperanto não tem _nada_ de limitado. Na verdade a diversão 
   dentro da juventude esperantista era fazer jogos de palavras,
   criando novos termos pra coisas conhecidas que, pelo inusitado
   e imediato reconhecimento tornavam a coisa engraçada.

3- O estranhamento da língua se dá no início. Depois você começa a 
   sentir o "cheiro" de que lingua a palavra veio. VOcê passa então
   a ter uma noção de palavras em outras línguas (comecei a entender
   o francês e italiano escritos; reconhecia palavras alemãs...)

4- A literatura de uma língua natural é sem dúvida rica. Por produção
   e por tradução. Mas quem é capaz de apreciar algo escrito em
   uma língua natural (excluo o espanhol para falantes de português
   por motivos óbvios...) depois de um curso de três anos? Alguém
   aí já leu Shakespeare no original? Allan Poe? Stephen King?
   Reparou no seu aproveitamento do texto?
   Com dois meses de esperanto (+ uma pitada de dicionário) você já
   consegue ler a Biblia (traduzida em esperanto, é claro).

5- O termo "projetada" é preferida a "artificial" pelos esperantistas.
   Vale lembrar que o esperanto já tem cento e lá vai pedrada anos.
   Há milhares de falantes _naturais_ de esperanto (principalmente
   nos casos onde os pais têm línguas diferentes e o esperanto é
   a língua falada em casa).

6- Traduções. Você preferiria ler um texto grego em inglês ou em
   esperanto? Eu não titubiaria: em esperanto. Mesmo porquê quem
   traduz para esperanto fala _muito_bem_ ambas e a mecânica do
   esperanto permite manter-se perto da rítmica original.

> Sem contar a competição entre línguas artificiais.  Qual escolher?  Esperanto é
> mais conhecida, mas tem seus críticos até pela associação religiosa.

Associação religiosa com quê? Oomoto??? ;-) Religião Sem Nome? Ah
sei, o espiritismo! (ou o catolicismo?) O detalhe é que os 
espíritas apóiam muito o movimento e a editora espírita é a 
primeira editora à que os autores recorrem (não aqueles que 
escrevem novelas pornô, é claro... ;-)

O fato é que há um bloqueio cultural imposto de fora pra dentro que
eu só consegui superar via esperanto. Quantos autores húngaros
você já leu? Ah, sei, a Hungria (Polônia, Síria, China, Grécia,
Suméria et cetera ad infinitum) nunca produziram nada que fosse 
interessante, não é... ;-)


>         O Inglês no mínimo te ensina outro jeito de pensar.

Assim como qualquer outra língua de outra família.
Nisso você pode incluir a matemática (lógica) também...

Propedêutica. Experimento inglês: crianças que estudaram um ano
de esperanto + um ano de francês falavam _melhor_ francês que
as crianças da classe do lado que estudaram dois anos de francês.

> > Existe uma proposta, no parlamento europeu, de que todos falem pelo
> > menos __duas línguas__ a mais: uma outra línuga natural, e uma língua
> > artificial.

Nunca ouvi falar disso. Eu sei que os europeus _têm_ que saber 
ao menos duas línguas, de colégio (e não é esse "embromation" que
se vê por aqui... :-)

Sempre soube que o "Partido Radical" italiano fez (ou faz, sei lá) 
uma força pra inserir o esperanto no parlamento europeu mas sem
muito sucesso. Eu pessoalmente acho o mais justo.

>  Esse é o tipo de coisa que não dá certo, impor de cima para baixo.

Humm, veja bem, se não me engano o hebraico moderno é "artificial", 
montado sobre o hebraico arcaico e _foi_ imposto de cima pra baixo...

> > Ao fim, todos vamos falar mais do que uma língua...E todos vamos
> > chegar à conclusão de que há vantagens.
> 
>         Profecias não costumam se dar bem sem respaldo divino...

Eu chamaria de "previsão". E acho que duas línguas será o mínimo.

Bom, só meu ponto de vista.

Cláudio Max



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