Re: [Off-topic]Re: partidarização do software livre
> Muitas pessoas ficam muito preocupadas com as ideias da direção do
MST.
> Provavelmente eles devem possuir coisas estranhas na cabeça. Talvez
eles nem estejam
> efetivamente *sonhando* com a reforma agrária mas com uma
revolução, ou
> então naquilo que eles imaginam luta de classes. Ora, a revolucão
Russa não deu terra ao Camponês.
> Deu com o decreto de Lenin mas tirou a terra novamente na década
de 20, assim que uma
> burocracia já se sentia segura com o aparato de Estado na mão. O
mesmo aconteceu na China:
> o Camponês chines deixou de ser escravo da burocracia do Partido
depois das reformas
> do Deng na década de 80, que devolveu o usufruto da terra ao
Camponês.
> Em Cuba o Camponês é tratado como débil mental: foi forçado com
incentivo
> economico a se integrar a cooperativas dirigidas pela burocracia e
os que se negaram não
> foram mortos como na União Soviética, mas foram tratados com
reserva e preconceito
> e sua renda super controlada.
> Provavelmente a visão de Camponês que a direção atual do MST tenha
seja a mesma
> que existia na antiga China e na URSS e existe ainda em Cuba: um
Camponês enquadrado em
> uma cooperativa dirigida por quadros profissionais que nunca
pegarão na enxada, mas ficarão
> zanzando pelos gabinetes futricando disputas burocráticas.
Nem vale comparar o stalinismo com o marxismo, o que aconteceu na
Russia, China, Cuba, e outros paises é nomeado como socialismo real,
aquele que existiu realmente, poucas idéias de Marx e Engels foram
colocadas em prática como mandava a cartilha. Os trotskistas pregam
que não pode existir socialismo convivendo com alguma sociedade
capitalista, por isso o socialismo científico (de Marx e Engels) só
funcionaria se todos países fossem socialistas, Trotsky foi lutar por
isso e acabou morto a mando de Stalin.
Quando falo em socialismo, falo em socialismo científico. O
socialismo científico é a ditadura do proletariado, e o que vimos no
socialismo real foi a ditadura dos burocratas do partido comunista.
Stalin foi um dos maiores assassinos de todos tempos, mas devemos
lembrar que não é a ideologia socialista que levou a isso, sementes
podres existem em qualquer lugar. Hitler e Mussolini eram ultra-
nacionalista de direita capitalista, e mesmo assim foram cruéis
assassinos. A revolução industrial na Inglaterra, onde o capitalismo
industrial nasceu, trouxe "escravização pra muita gente", que
trabalhavam 16 horas por dia em péssimas condições.
Penso eu, como seria nossa vida hoje sem as lutas por melhores
condições de trabalho, muitas vezes liderados por socialistas. Será
que estariamos ainda escravizados como naquela época? Ou será que os
grandes burgueses seriam bonzinhos e melhorariam nossas condições?
O trabalho de Karl Marx é baseado na dialética materialista, ou
seja, tudo que ele criou foi um trabalho científico com as regras da
dialética materialista. Foi ele que decifrou os principais mecanismos
do capitalismo, tanto que até hoje é estudado com frequência em
faculdades de Econômia. E como seu trabalho teria que evoluir de
acordo com a dialética materialista, assim os grupos marxistas
tentaram fazer, e diversos pensamentos dfierentes foram surgindo, e
grupos se separando.
O GNU/Linux também teve suas mudanças, onde possuimos
distribuições diferentes com objetivos diferentes; alguns usam Debian
por acreditar no software livre, outros usam SuSe por acharem que o
software livre pode conviver com software proprietário.
Aquelas pessoas que criticam o MST, ou partidos socialistas, sem
conhecer a teoria marxista, eu digo que é preconceito. Como muitos de
nós temos o modelo de software livre como ideal, eles também tem o
seu. As críticas da sociedade em relação a suas ações são baseadas
puramente na sua idéia capitalista de sociedade, onde a propriedade
privada deve ser preservada, e a mesma não existe no comunismo, que é
onde imagino, todos socialistas querem chegar. Temos que lembrar que
nem todos tem um pensamento capitalista da vida, e sendo assim, se
espera deles formas de agir diferentes também.
> A Reforma Agrária é uma prataforma da Revolução Francesa, da
revolução dita Burguesa.
> Os leninistas da terceira internacional apenas utilizaram a
bandeira da reforma agrária
> como um meio de alcançar o poder do Estado. Até as reformas de Deng
Xiao Ping e as
> reformas no Vietnã nos últimos anos não existia nenhum país
administrado por Partido Comunista onde
> o Camponês fosse gente com autonomia. Algumas das reformas
> agrárias que obtiveram sucesso foram na verdade forçadas pela
intervenção dos
> americanos, no Japão, naCoréia e em Taiwan; reformas agrárias que
tinham o objetivo
> de dar maior justiça social e retirar as bases de crescimento do
*perigo* comunista.
> Enfim, Reforma Agrária de fato nunca foi coisa de comunista.
O socialismo científico não prega a reforma agrária exatamente,
prega a igualdade social, e para isso a reforma agrária é uma
exigência clara que nem precisa ser discutida. A reforma agrária
também é boa no capitalismo para qualquer país. Terra inativa é boa
somente para as elites que querem se manterem ricas. A reforma
agrária gerá uma maior produção da agricultura, que consequentemente
aumenta o PIB brasileiro. Só que o grande problema por aqui não é a
falta de dinheiro, e sim a sua má distribuição, onde 10% mais ricos
possuem mais de 50% da grana que circula, e a reforma agrária tende a
melhor isso também.
> Mas qualquer que sejam as fantasias que passem nas cabeças da
direção do MST,
> os sem terra merecem o total apoio das pessoas de bem. Se não
fossem tais fantasias alimentando
> a ação desses candidatos a burocratas, milhares de brasileiros sem
propriedade
> nenhuma estariam sem voz, vivendo a perspectiva de serem escravos
assalariados nas cidades e nunca
> sentiriam o bom que é a liberdade burguesa que nasce da
propriedade, de ser dono
> do próprio nariz que a propriedade da terra possibilita.
> Se esses brasileiros estivessem vivendo bem, eles não estariam
> seguindo líderes candidatos a serem seus prováveis futuros
algozes; se submetendo a morar
> debaixo de lonas pretas, no calor e na chuva,
> vivendo uma vida incerta. O importante não é a direção do MST. O
importante não é o MST.
> O importante é ajudar que pessoas se libertem da servidão e
incerteza
> mesmo que agora isto signifique ajudar algumas atividades
organizadas pelo MST.
Nunca foi fantasia o que se passa pela cabeça do MST, diria
ideal, fantasia é meio exagerado e debochado.
Estou tentando entender qual seria essa liberdade burguesa? Se
fala que os pequenos-burgueses são livres, não concordo muito, pois
vivem trabalhando e quase sempre não tem tempo para si mesmo ou para
sua família, em troca de um pouco mais de dinheiro. E os grandes
burgueses, me fazem lembrar essa frase do Stallman em entrevista pra
PCMaster: "Bill gates ganhou bilhões. E até agora não arrumou outra
coisa para fazer a não ser se preocupar em ganhar mais". Os
trabalhadores, sejam eles intelectuais ou não, na maioria das vezes
vivem sobre a ditadura de suas empresas. O conceito de liberdade
talvez seja diferente também para aqueles com idéias capitalistas,
sendo assim mais uma o socialismo científico que não aceita a
propriedade privada, é sem sentido.
> Os maiores obstáculos para a reforma agrária no Brasil não estão
nos fazendeiros, nem no PFL
> e nem nos partidos chamados de direita. O maior obstáculo está nos
ex(?)-marxistas que
> desde o primeiro governo FHC dominam o núcleo duro do governo. FHC
não esqueceu o que escreveu.
> Desde a década de sessenta uma boa parte de marxistas brasileiros
consideram que
> a Reforma Agrária no Brasil é uma questão superada, que o
desenvolvimento do
> capitalismo no Brasil tornou obsoleta a Reforma Agrária. Eles
consideravam que a renda da pequena
> propriedade rural iria ser tão pequena que o sujeito prefereria ir
trabalhar de porteiro
> em um prédio do que enfrentar os rigores da labuta agrícola. Eles
consideravam que o capitalismo
> iria avançar no campo, acabando com a relação servil, trazendo o
trabalhador rural proletário com
> carteira assinada; escravos assalariados do Agrobusiness,
sindicalizados e eleitores certos do PT.
Está confundindo marxista com social-democrata, que é o caso de
FHC, Ciro Gomes, José Serra, Mikail Gorbachev, entre outros. Conheço
muitos marxistas, e nunca nenhum deles disse uma coisa dessa. Dizer
que FHC é marxista nos dias de hoje não tem o mínimo cabimento, e ele
mesmo já pediu para esquecer do que disse e escreveu no passado,
lembra? FHC hoje já declarou seu amor pelo sociologo Émile Durkheim,
que tem idéias bem diferentes de Marx.
Agora concordo se dizer que os obstáculos está nos sociais-
democratas. Os fazendeiros não precisam temer a reforma agrária, o
problema são os (fazendeiros)? latifundiários que desejam manter suas
fortunas e nome, conquistadas quase sempre com roubos, invasões e
mortes de seus primeiros donos.
O primeiro roubo aconteceu com a chegada dos portugueses, que
depois dividiu o país em capitanias, e doou para um pequeno número de
pessoas. Eles chegaram, e nem queriam saber dos indios. Aquelas
terras eram deles agora.
> A empresa de agrobusiness *capitalista*,
> moderna, com alto produtividade não daria espaço economico para a
sobrevivência da propriedade rural familiar.
> Atualmente, tanto os ex(?)-marxistas do governo FHC como alguns
setores da CUT e do próprio PT acreditam
> que reforma agrária no Brasil se aplica apenas em algumas regiões,
para resolver
> alguns problemas localizados, e para ajudar a diminuir a
criminalidade urbana -- mesmo
> que os assentados fossem cronicamente subsidiados pelo Estado
valeria a pena pois
> se gastaria mais casos eles ficassem marginalizados na Cidade.
> Aos olhos dos ex(?)-marxistas do governo, do PT e da CUT,
> a direção atual do MST seria dominada por leninistas saudosistas e
arcaicos,
> que não sabem nem ler Marx e nem ler a realidade, líderes
condenados a uma derrota
> ditada pela realidade do Brasil Moderno. Portanto, o governo FHC
fez pouco
> pela reforma agrária de fato; nem política agrícola possui, assim
fica difícil de saber se a reforma agrária
> não é viável porque obsoleta ou se a cabeça de Brasília a boicota.
Se fosse assim muitas cooperativas do leite aqui de Minas Gerais
estariam fechados, e ainda estão bem vivas. Se a intenção do pequeno
agricultor é concorrer com empresas de agrobussiness, precisam se
cooperar. Diferente das empresas de agrobussiness que precisam lucrar
bastante para satisfazer os desejos consumistas, os pequenos
agricultores não tem tanto desejo assim, querendo apenas seu teto,
comida, e uma vida mais digna.
> O software livre é aquele que segue licenças tipo GPL ou BSD,
BSD não seria open-source?
> ou melhor, a Debian tem uma cartilha que define bem a coisa.
> O fim do marxismo é o *socialismo* que vem via uma etapa com
> ditadura do proletáriado necessária para acabar com o poder dos
antigos
> proprietarios dos bens de produção. O seu fim último é a
eliminaçãos das
> classes sociais o que na visão de Marx levaria ao fim do Estado --
comunismo.
Eu disse que o fim é o mesmo, não disse que a maneira pra chegar
seja a mesma, ambos querem ter igualdade. O software livre
proporciona a igualdade ao dar o direito de qualquer um poder olhar o
código-fonte, e modifica-lo. Toda ideologia marxista, que leva ao
comunismo, tem com objetivo a igualdade social, que como você mesmo
disse no ínicio seria uma ditadura do proletáriado necessária....
> O software livre é outra coisa. Fazer livre um software é uma
opção
> que um programador toma independente de existir ou não classes
sociais e Estado.
> Porém só teve sentido o SL depois do aparecimento do computador. E
o computador
> apareceu na sociedade moderna, burguesa, sociedades com maior
liberdade individual
> do que a sociedade feudal.
Marx já dizia que o capitalismo é uma fase necessária antes de
chegar ao comunismo.
> A licença GPL segue, a rigor, os ideais americanos: a crença
> de que o monopólio é essencialmente anticapitalista e contra
> os valores comunitários e individuais americanos tradicionais,
> que provavelmente sejam os mesmos dos sem terra brasileiros,
> desejosos de se integrarem na sociedade moderna via a propriedade
da terra.
> A licença GPL impossibilita a criação de monopólio em cima de um
> produto GPL. Como facilita o trabalho colaborativo, possibilita a
criação
> de softwares que poucas empresas teriam cacife de pagar o
desenvolvimento.
> A licença GPL coloca em risco, a longo prazo, os monopólios
estabelecidos.
Os ideais americanos pregam uma coisa, mas agem de outra. Pregam
o livre comércio, mas fecham suas portas para produtos estrangeiros
que podem bater de frente com os seus. Os americanos já entraram em
tantas contradições, que se faz pensar se realmente existe um ideal
americano.
Na conquista do Oeste, os americanos mataram muita gente.
> O monopólio se apropria de valor sem que haja mérito no produto,
> pois a *liberdade de empreendimento* (capitalismo) de possíveis
> concorrentes foi anulada de alguma forma indesejada.
> Vejam como a sociedade americana
> está mais preocupada com o monopólio da Microsoft do que o Brasil
ou Europa.
> Monopólio é essencialmente anticapitalismo. Monopólio é do tempo
> das companhias das indias ocidentais e da economia imperial
Britânica.
É porque lá existem outras empresas americanas tão grandes ou
maiores que a Microsoft para pressionar o governo a fazer alguma
coisa. Tem a Sun, a Cisco, a IBM, etc, etc. E na Europa se não me
engano existe uma iniciativa contra o monopólio da Microsoft.
> Associar SL com comunismo é uma das táticas da Microsoft para
tentar legitimar socialmente
> o seu monopólio diante da opinião pública americana.
>
> Porém, qualquer sujeito e empresa que não gostem das
> amarras de monopólios, se bem informados, apoiam o SL. De fato, a
nivel mundial,
> os marxistas são apenas uma pequena parcela de apoiadores do SL.
> Eles apoiam (até o momento) com pouco código.
Gostaria de saber como chegou a essa estatística? Como você pode
saber se as milhões de pessoas que contribuem com código não sejam
marxistas??
> Alguns setores organizados de esquerda talvez apoiem o SL e
tentem associá-lo ao socialismo talvez
> na tentativa de popularizar o socialismo e até *salvar* o
marxismo.
> Os partidos de esquerda no mundo andam procurando novas bandeiras.
> Muitos ganham o seu pão carregando bandeiras. Outros roubando o
Estado.
> Outros roubando os consumidores.
Não são os marxistas que gostam de roubar os consumidores e o
Estado. Será que Lalau, Cacciola e outros da turma eram marxistas?
> Mas talves a proximidade do SL com os sem-terra seja maior
> do que se imagina. A licença GPL nasceu principalmente a partir de
> trabalhadores intelectuais que estavam cansados de ver a
> produção intelectual cercada por uma barreira de segredos. É
> uma espécie de reforma agrária em cima da propriedade intelectual.
> A licença GPL facilita que algumas pessoas ganhem
> dinheiro com consultoria e montem seus negócios,
> mas dificulta que elas monopolizem o conhecimento, cercando-o com
> barreiras que impedem a livre circulação de idéias.
> Ensinar GNU/linux para filhos e agregados dos sem terra é a única
maneira
> de não adestrá-los no uso de um produto fornecido por um monopólio;
> é colocá-los diante da possibilidade de semear no terreno
> previamente arado por dezenas de pessoas espalhadas pelo mundo,
> terreno que não ficou oculto por uma manto de segredo comercial.
>
> Que dê bons frutos o uso de Debian Gnu-Linux pelos sem terra.
>
> Mas, bá tchê, dizer que SL é socialismo e portanto
> é adequado aos sem terra é brincadeira!
Quem disse que SL é socialismo??
É importante lembrar que uma das bases do capitalismo é a igualdade
social. É através dela que o sistema consegue sobreviver.
--
Alex Fernandes Rosa
www.neurix.com.br
------------------------------------
Plight Sistemas - www.plight.com.br
--
To UNSUBSCRIBE, email to debian-user-portuguese-request@lists.debian.org
with a subject of "unsubscribe". Trouble? Contact listmaster@lists.debian.org
Reply to: