--- Em sáb, 9/5/09, Renato S. Yamane <yamane@diamondcut.com.br> escreveu:De: Renato S. Yamane <yamane@diamondcut.com.br>Na Faculdade de Administração, nossos professores sempre nos contavam a história do produto perfeito que todo mundo queria, mas foi produzido no meio da selva, sem nenhum meio de comunicação com o resto do mundo. Resultado: o produto existia, tinha mercado, mas ninguém comprou porque não ficaram sabendo. Às vezes fico refletindo sobre isso: O open source em geral,e o GNU/Linux em particular, se parece muito com esse produto ideal. Só que está imerso numa selva de mitos, marketing negativo, experiências frustrantes e muito falatório sem sentido. Eu dou aula de informática como voluntário para pessoas carentes. São pessoas que tem dificuldade até para empunhar um mouse corretamente. Essas pessoas, se me permitem a comparação romântica, são como recém nascidos. Não interessa qual sistema vou ensinar a eles porque tudo é novo. Se eu ensinar Linux e open source, desde o início, eles vão se adaptar facilmente. Ou ser obrigado. É aí que eu discordo da maioria. Os usuários, pela sua definição, são comodistas. E são comodistas tanto pra Windows como pra Linux. Eu não conheço um único usuário que esteja disposto a formatar uma máquina, instalar um driver, ou configurar um teclado. O usuário quer fazer aquilo que está acostumado a fazer: USAR a máquina. O problema é que quando compra uma máquina com Windows (que vem pelada, sem praticamente nenhum software), ele manda o "sobrinho entendido" instalar o que falta pra ele. O "sobrinho entendido" entrega pra ele uma máquina funcionando do jeito que ele quer, prontinha pra ele estragar tudo com todo tipo de malwares que, seguramente, vai baixar da internet e com permissões de administrador pra que ele não tenha dificuldades em "fuçar" o sistema e fazer algo, ou tudo, parar de funcionar de repente. Isso garante a grana da balada do fim de semana do "sobrinho entendido". Quando se compra uma máquina com Linux, o vendedor entrega o produto e o cliente tem de se virar. O primeiro a criticar é o "sobrinho entendido", que não entende nada de Linux, mas "saca tudo de Windows", principalmente como crackear números de registro. Como o sobrinho não sabe nada, nem é fácil encontrar alguém que saiba, o cara até pode ter a boa vontade de tentar, mas nunca vai se dar bem com um sistema que veio como padrão de fábrica e não está preparado para fazer aquilo que ele precisa que o computador faça. Resultado: Ganha a opinião do "sobrinho entendido". Na minha modesta opinião, depois de acompanhar a história do open source desde a origem, de ter passado pelo CP/M80, DOS, DR-DOS, MsDOS, Novel DOS, Windows 1.0 (que rodei em PC-XT feito à mão, de sucata), OS/2, SCO Unix, Windows 2.0 e posteriores, de ter feito parte do "lado negro", de ter migrado para open source em 1997 e recair ao proprietário em 2003 e retornar, dessa vez pra ficar, ao open source em 2005, eu acho que estamos marcando passo discutindo se o usuário quer ou não. Ele quer, só que não tem quem faça o que ele precisa. Precisamos URGENTEMENTE de formar os "sobrinhos entendidos" em Linux e open source. Fazer com que qualquer boteco de esquina saiba resolver problemas simples do dia-a-dia. O usuário não quer procurar a solução da placa de vídeo que não funciona ou do modem que não conecta, em fóruns na internet. O usuário quer sua máquina funcionando e, alguém que saiba fazê-la funcionar quando não estiver funcionando do jeito que ele quer. Desculpem o escrever todo um tratado aqui, mas às vezes me dá a impressão que rodamos em círculos. Faz mais de uma década que ouço os mesmos problemas insolúveis. Já passou da hora de aparecerem as soluções. E pra não dizer que não apresentei nenhuma, aqui vai uma sugestão: Dêem aulas de informática com foco em open source. Cobrem ou não, não interessa. Mas transmitam o conhecimento para que ele não fique estanque entre uns poucos "iluminados", como nós.
Abraço a todos. |