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História do DOS, OS/2 e Mach (Era: hurd.. um monte de lixo?)



> > 	Para ter idéia, ele é simplesmente o projeto de "DOS modo real" da
> > Microsoft.  A IBM forçou a troca da interface gráfica de Windows para
> > Presentation Manager, e a Microsoft pegou a versão 3.0, também chamada
de NT
> > (que adotou o Mach, parece que bastante modificado e com problemas
> > semelhantes aos do Mac OS X) e implantou o Windows de volta...
> muito interessante mas naum entendi nada =), vc pode explicar isso
> melhor?

	Posso tentar.

	A Microsoft tem o DOS, que é modo real.  O projeto original previa
também um DOS multiusuário, que mixou logo no começo.  Essa história pode
ser lida na história do DOS que consta na Introdução àquela enciclopédia do
MS-DOS 3.0 que a Microsoft publicou em um único volume, não lembro o título
exato.

	Então a Microsoft comprou com a AT&T uma licença do Unix, e lançou
uma versão para Intel 80286, que era o Xenix.  A idéia era migrar todos os
usuários de DOS para Xenix.  Um dos piores problemas era o uso da / pra
designar opções para os programas DOS.  Então na versão 2.11 do DOS tinha um
parâmetro do CONFIG.SYS chamado SWITCHAR que aceitava valores / ou -.  O -
era o padrão na 2.11.  O plano era que na 3.0 o padrão seria /, e aí a
migração para Xenix seria facilitada, porque não haveria problemas mais com
os nomes de caminho do Unix.  Isso está documentado no manual XTRA DOS 2.11,
uma versão OEM do DOS.  Nunca consegui uma cópia dele ou do MS-DOS 2.11,
então isso sei de segunda mão.

	Mas como a Microsoft percebeu que junto com a IBM ela tinha poder
suficiente para dominar o mercado sem precisar da compatibilidade com Unix,
vendeu o Xenix à SCO e partiu para o DOS modo protegido, num projeto
conjunto com a IBM.  O plano era lançá-lo como DOS 3.0, o que se provou
impossível.  Então o DOS modo real com acionadores de rede foi lançado como
DOS 3.0, e o DOS protegido ia ganhar o nome de DOS 4 - por isso houve tanto
tempo entre as versões 3 e 4 do DOS.  Mas aí o projeto atrasou e o DR-DOS
começou a ganhar mercado, aí lançaram uma nova versão do DOS modo real como
4.0; chegaram a pensar em ainda lançar o DOS protegido como DOS 5, mas
decidiram simplesmente mudar o nome para OS/2, combinando com as novas
máquinas PS/2 da IBM.

	Ao mesmo tempo criaram o Windows como um ambiente para rodar sobre
DOS.  A idéia era vender eventualmente o DOS protegido com o Windows.  Mas a
IBM achou que o Windows era ruim demais e não tinha conserto (no que ela
tinha toda a razão), e forçou a Microsoft a trocar o Windows protegido pelo
Presentation Manager, que é a interface gráfica do OS/2 até hoje.

	Até esse momento a Microsoft ia cuidar das versões ímpares do OS/2,
e a IBM das pares - algo como o acerto entre a Intel e a HP sobre o IA-64
(Merced/Itanium, McKinley).  O 1.0 foi lançado, mas a Microsoft não fez a
tarefa de casa dos drivers.  Além disso a compatibilidade com aplicações
modo real era muito ruim, porque a IBM ia demorar a ter uma máquina 386 e
queria que o OS/2 rodasse no 286, que não tinha modo virtual.  O resultado é
que a "caixa de compatibilidade DOS" do OS/2 ficou conhecida como "caixa de
tortura DOS".  Finalmente, o OS/2 presumia uma configuração parruda de uma
máquina de boa qualidade.  Para quem tinha IBM, Compaq, Xerox ou coisa assim
tudo bem, mas naquela época os /clones/ de IBM-PC eram ainda piores que
hoje, e aí o OS/2 dava mensagens de erro de montão.  Para complicar, essas
mensagens de erro eram no formato padrão da IBM, que praticamente não tem
informação útil nenhuma, somente um código que está muito bem explicado numa
documentação enorme, cara e que ninguém tinha.  Além disso o OS/2 custava
US$ 500 ou coisa assim

	O resultado disso tudo é que a adoção do OS/2 não aconteceu nas
versões 1.X.  Antes de chegar à versão 2.0, a Microsoft percebeu que não
precisava mais da IBM porque o MS-DOS já tinha um domínio muito grande do
mercado.  Então rompeu o acordo com a IBM, que previa também que o Windows
ia ter uma versão modo protegido mas não modo virtual, enquanto o OS/2 2.0
ia rodar no 386 com modo virtual, facilitando a migração de aplicações DOS.
Aí ela lançou o Windows 3.1, que rodava aplicações DOS em modo virtual,
portanto melhor que o OS/2 1.3.  A IBM ainda lançou o OS/2 2.0, inclusive
com uma interface melhorada, a WorkPlace Shell (WPS), mas rodando somente em
386 com 8MB de memória e uns 70 MB de disco.  Na época isso era considerado
excessivo, a WPS era muito diferente do que as pessoas esperavam, a
configuração inicial era muito pobre e feia, e ainda não havia muitos
acionadores de dispositivo, especialmente impressoras.  Em contraposição o
Windows modo virtual exigia apenas 4MB, o modo protegido 2MB e o modo real
(que ninguém usava) 1MB.  Tinha muitos acionadores, uma interface familiar
(semelhante à interface do Windows 2 e OS/2 1), e a Microsoft logo cancelou
o Word e Excel para o OS/2, se dedicando às versões para Windows 3.1.

	Por essa época a Microsoft já desenvolvia o OS/2 3.0, apelidado de
OS/2 NT, que rodava em cima de Mach (segundo as Byte da época) ou coisa
parecida.  O que ela fez foi arrancar fora o Presentation Manager e colocar
o Windows por cima, e lançar com Windows NT.  Dado o fracasso do OS/2 e do
PowerPC no mercado de massa, e à preocupação com outros assuntos, a IBM
acabou desistindo do OS/2 NT e a versão 3.0 (Warp) acabou sendo simplesmente
uma otimização da 2.3 - até algumas telas diziam 2.3 em vez de 3.0 Warp.

	Um dado interessante é que com o fim da mania de sistemas abertos e
a consolidação do domínio da Microsoft ela deixou de falar que o NT era
baseado em micronúcleo ou orientado a objeto, cancelou as versões RISC e as
personalidades OS/2 e POSIX, e só lançou a multiusuário porque a Citrix
estava fazendo sucesso.

	Se alguém quiser publicar essa história eu me ofereço a pesquisar a
bibliografia e (ou) ajustar o texto, ou mesmo traduzi-lo para o Inglês.




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